terça-feira, 16 de junho de 2009

     Neste artigo pretendendo falar sobre os papéis que são atribuídos a educação escolar, da relação contraditória entre essa educação e necessidades de desenvolvimento de um país. Depois, discutiremos sinteticamente o conceito de pesquisa e de suas implicações em relação ao sistema escolar. Além disso, buscamos discutir no final, as possíveis contribuições da pesquisa como um elemento dinamizador entre universidade e Escolas de Ensino Básico e, porque não dizer, como um dos elementos capaz de aprofundar a reflexão sobre a crise em que se encontra o sistema educacional.
     Este ensaio é uma tentativa de entender se a Pedagogia se perdeu da educação, ou a educação se perdeu da Pedagogia. Começamos por trabalhar a questão do que é a realidade da Pedagogia e o que é a função do pedagogo.
     O termo pedagogia deriva do grego e quer dizer amigo (gogo) da criança (pedo). Originalmente o termo designava o escravo que levava as crianças para a escola (scholé, que quer dizer ócio, em grego) para que o ludus magister (mestre de jogos ou brincadeiras) permitisse a educação (do latim ex, que quer dizer para fora e duccere, que quer dizer conduzir, ou seja, educação, do latim ex duccere, quer dizer conduzir para fora). Traduzindo a frase anterior: o amigo da criança (pedagogo) levava-os para o ócio (scholé=escola) para que o mestre de brincadeira (ludus magister) permitisse que as crianças conduzissem para fora (ex duccere) seu potencial.
     Alguns "educadores", baseados na idéia de que mudando o nome do fenômeno, altera-se também o resultado dele, sugerem que o nome Pedagogia seja substituído por Andragogia (andra, homem; gogo, amigo), ou seja, "uma ciência de educação para o homem". Não vamos nos ater a este preciosismo, uma vez que, independentemente do que esteja sendo chamada (andragogia ou pedagogia) e a quem esteja sendo dirigida, (para crianças, adultos, indivíduos com necessidades especiais, pobres, ricos, de qualquer credo, qualquer opção de vida) o que vale é a postura de educação que se assume, como andragogo ou pedagogo.
     Historicamente a educação começou a ser vista como uma prática pedagógica em Rousseau (1712-1778) que propôs ter a criança uma personalidade própria e não ser um "adulto em miniatura". Sua proposta pedagógica básica, em seu Emílio (1762), foi o retorno à natureza. A partir dele outros procuraram criar caminhos para a educação: Pestallozzi (1746-1827) percebeu que a função da educação não era atender ao indivíduo, mas ao povo; Froebel (1782-1852) criou o termo kindergarden (jardim de infância) e a proposta de educar por jogos e brincadeiras; Dewey (1859-1952) propôs a pedagogia ativa ou o "ensino pela ação", permitindo o surgimento do que viria a ser chamado de "Educação Nova"; Claparede (1873-1940) achou que educação, mais do que "ativa", deveria ser "funcional" e criou os "grupos móveis"; Decroly (1871-1932), a partir dos conceitos da escola funcional, criou os "centros de interesse"; Montessori (1870-1952), na Casa dei Bambini, propôs a didática através de materiais concretos e uma Pedagogia Científica; Freinet (1896-1966) propôs a aprendizagem através da imprensa escolar, aula passeio, correspondência intra e extra escolar, entre outras; Piaget (1896-1980) embasou a sua teoria epistemológica (estudo do conhecimento) no método científico, e, Paulo Freire (1921-1997) nos mostrou que educação é um "ato político".
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/filos30.htm